Há muito preconceito em relação à moda, em parte
porque tem um caráter efêmero (muda sempre, e seu meio é a roupa)
e porque ela tem a ver com a aparência, supostamente privilegiando o
superficial . Muitas vezes, a moda também é vista como algo feito
para iludir, disfarçar ser alguém que, na verdade não se é.
Quem a critica dessa forma certamente desconhece as
implicações sociológicas e psicológicas da moda: coisas simples
como se sentir_se bem ao usar determinada roupa, vulnerável
vestindo outra.
Porém a moda já deixou de ser sinônimo de futilidade
e improvisação há muito tempo.
Então, o que é moda?
A palavra “moda” vem do latim modus, significa
“modo”, “maneira”. É um sistema que acompanha o vestuário e
o tempo, que integra o simples uso das roupas no dia-a-dia a um
contexto maior, político, social, sociológico.
Pense no jeito em que as pessoas se vestiam nos anos 50
e depois nos 70. Essas mudanças são a moda. Ao retratar essas
transformações, a moda reflete a sociedade à sua volta, sendo
possível entender um grupo, um país, naquele período pela moda
então praticada.
Um bom exemplo disso ocorreu durante a Primeira Guerra
Mundial (1914-8), quando a mulher assumiu novos papéis (enquanto os
homens lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas
indústrias bélicas como empregadas). Suas roupas tiveram que ficar
mais práticas; as saias foram cortadas, e aparece um novo
comprimento, até a canela. Com as privações causadas pela guerra,
surgiram novos materiais, inclusive o uso de tecidos poucos nobres.
A moda sempre andou em paralelo com a história e, desde
seu aparecimento, a moda trazia em si um conceito estratificador.
Apenas no final da Idade Média surgiu como conceito. Com o
desenvolvimento das cidades e a aproximação das pessoas na área
urbana, houve o desejo de imitar: os burgueses copiavam os tecidos, o
jeito de se vestir e se portar da nobreza, que não ficou nem um
pouco contente em se parecer com esses plebeus endinheirados (devido
o comércio). Começaram então a criar códigos internos de vestir
que mudavam rapidamente, antes que a burguesia tivesse tempo de
copiá-los. Nesse período também foi criado as regras de etiqueta,
com objetivo de diferenciar as origens. A nobreza então caiu, os
burgueses tornaram-se os donos do mundo, e a moda “pegou”.
Aos poucos, a evolução do vestuário foi
acontecendo... atualmente tratar de moda implica lidar com elementos
os mais complexos, especialmente quando combinados. Tangemos valores
como imagem, auto-estima, estética, padrões de beleza, inovações
tecnológicas ( como os tecidos inteligentes: lidam com troca de
calor, mantendo o corpo quente no frio e vive-versa, ou evitam até a
criação de bactérias), top models, moda de rua, tribos,
criatividade, talento, enfim... nada é eterno na moda. Talvez seja
isso que a deixa tão fascinante.
Segundo o filósofo Manuel Fontán de Junco, "conseguiu
estabelecer uma ponte entre a beleza e a vida. A moda é uma arte que
se usa, que se leva para a rua; é uma arte de consumo a que todos
têm acesso".
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